AÇÚCAR X ADOÇANTE
E a nova recomendação da OMS
            A Organização Mundial de Saúde (OMS) divulgou, no último dia 15/05, uma nova diretriz informando que não recomenda o uso de adoçantes para controle de peso ou para reduzir o risco de doenças crônicas não transmissíveis. E agora, ficou um pouco perdido?

    Na verdade, já tínhamos vários estudos que comprovavam não só o não benefício como o malefício de muitos deles.

    Colocamos aqui um resumo de todos os açúcares e adoçantes para que você faça as melhores escolhas.

    O ideal mesmo é reduzirmos a quantidade ambos. Experimentar os reais sabores dos alimentos. Muitas vezes consumimos mais açúcar do que a própria fruta em um suco, por exemplo. Experimente não adoçar sucos, o café, comer mais frutas, evitar ultra processados. O paladar se acostuma com os novos sabores e eu te garanto que ao sentir o verdadeiro sabor dos alimentos você não vai querer voltar ao seu antigo paladar.

    O açúcar é uma parte importante na nossa dieta e pode conter vários micronutrientes, dependendo do tipo utilizado. Não precisa de eliminar o açúcar da sua dieta completamente se comer com moderação. Exceto em algumas doenças crônicas, como por exemplo Diabetes Tipo 2 e obesidade. É importante entender as principais diferenças entre os diferentes tipos de açúcares disponíveis no mercado para fazer a escolha mais adequada e não usar ´´calorias vazias´´.

            A cana-de-açúcar e a beterraba são as matérias-primas mais utilizadas para a produção industrial do açúcar. Embora o açúcar refinado continue sendo açúcar mais consumidos pelos brasileiros, há sinais de que os hábitos alimentares estão mudando na direção do aumento da demanda por produtos orgânicos, inclusive o açúcar.

            A ingestão de açúcares simples excede as recomendações dietéticas (até 10% da ingestão diária total de energia) em todas as regiões (urbanas e rurais) e todas as classes sociais. Em muitos casos, a contribuição energética do açúcar é próxima de 15%. Ou seja, ultrapassa o limite recomendado de 50%. É importante ressaltar que além da cárie dentária, o consumo excessivo de açúcar está associado ao aumento do risco de obesidade e outras doenças crônicas não transmissíveis, como as cardiovasculares.

            Segue o resumo de cada tipo de açúcar. Ressaltamos, ao contrário do que muitos pensam, que não há muita diferença calórica entre os diferentes tipos de açúcar e sim uma diferença no processamento. Alguns mantém os nutrientes e outros passam por processamento como o branqueamento, por exemplo.

      AÇÚCAR MASCAVO
    É açúcar bruto, escuro e úmido. É extraído após a fervura do caldo da cana-de-açúcar. Por não ser filtrado, retém cálcio, ferro, magnésio, potássio e outros sais minerais. Tem gosto de água de cana. Comparativamente, o açúcar mascavo difere do açúcar de mesa (refinado) principalmente por sua cor escura, sabor característico e maior teor de sais minerais.

      AÇÚCAR DEMERARA
    É extraído diretamente do melaço da cana-de-açúcar. É um cristal úmido o transparente de cor mais clara que o açúcar mascavo. Não passa por processo de lavagem ou purificação e não adiciona aditivos químicos. Como o açúcar mascavo, contém mais minerais do que o açúcar refinado.

      AÇÚCAR CRISTAL
    Tem uma cor esbranquiçada com grandes cristais transparentes. Durante a produção, o caldo de cana passa por purificação, evaporação, cristalização, centrifugação e secagem. O açúcar refinado e o açúcar de confeiteiro são produzidos a partir do açúcar cristal. Açúcar menos processado que o açúcar refiando ou de confeiteiro, mas não apresenta vantagens em relação ao teor de sais minerais.

     AÇÚCAR REFINADO
        É obtido a partir do açúcar cristal. O processo de refino do açúcar começa com a dissolução do açúcar cristal, seguido pelas etapas de clarificação e filtração. O processo de refino promove a retirada de vitaminas e minerais, restando apenas a sacarose (glicose e frutose).

        Há indícios da utilização de substâncias com propriedades edulcorantes (adoçantes) desde a Pré-história, seja em suas espécies naturais como o mel, as polpas de figos e tâmaras ou, mais recentemente, em aditivos alimentares, como os adoçantes artificiais ou naturais produzidos e comercializados com o objetivo de substituir o açúcar. Segue abaixo os melhores e piores adoçantes para serem consumidos.

        MELHORES E PIORES ADOÇANTES

          ESTÉVIA

        Extraídos das folhas da planta Stevia Rebaudiana Bertoni, trata-se de um adoçante de origem natural com 40 a 300 vezes o poder adoçante da sacarose ou açúcar comum.
        Seu arbusto é nativo do Paraguai, também cultivado na China, Brasil, Europa, Canadá e Japão. Além de ser livre de calorias, esse edulcorante natural amplamente utilizado, tem apresentado efeitos benéficos na regulação dos níveis séricos de glicose e insulina, sendo utilizada em vários países pelo mundo para o controle natural do diabetes.

          TAUMATINA

        Apesar de ser uma proteína, a Taumatina é a substância mais doce conhecida, cerca de 3.000 vezes mais do que o açúcar e por isso, doses muito pequenas já são suficientes para adoçar.
        Está em uma fruta encontrada na África Ocidental, conhecida como katernfe ou katemphe ou, mais fácil, “fruto milagroso do Sudão”. O lado negativo é o preço muito elevado.

          FRUTO DO MONGE (MONK FRUIT)

        É um dos adoçantes mais recomendados, pois além de não ter calorias a ser muito mais doce que o açúcar, pode trazer alguns benefícios para a saúde. O lado negativo é o preço e a dificuldade em encontrar.

          XILITOL, ERITRITOL, MALTITOL E SORBITOL (AÇÚCARES DE POLIÓIS)

        São considerados adoçantes naturais dietéticos, podendo em alguns casos serem ingeridos por diabéticos, sem limitações quanto à quantidade. Porém, em grandes quantidades, a absorção dos polióis é diminuída, por não ser completamente digeridos, sendo fermentados no intestino grosso, mais especificamente no cólon. Neste caso, os efeitos adversos são comumente observados no final do sistema digestório, tais como diarreia, flatulência e frequentes ruídos intestinais.

          SACARINA

        O primeiro adoçante artificial descoberto em 1879, enquanto o químico russo Constantin Fahlberg e o químico estadunidense Ira Remsen estudavam os mecanismos de oxidação da substância o-toluenosulfonamida, no laboratório da Universidade Johns Hopkins. Durante sua pesquisa, uma substância acidentalmente espirrou em seu dedo e, ao provar, ele constatou que ela tinha sabor doce. Baseado em suas observações e em seu conhecimento das pesquisas realizadas, o cientista constatou a existência de sacarina.
        Na literatura são descritos diversos estudos a respeito dos efeitos nocivos que a ingestão de sacarina pode ocasionar para a saúde, podendo resultar em danos mutagênicos, câncer de bexiga e danos significativos ao estômago, de acordo com estudos em roedores. Acredita-se que a ingestão desta substância esteja diretamente relacionada ao aumento de apetite, podendo resultar em ganho de peso.


         ASPARTAME

        Foi descoberto em 1965. Sua descoberta ocorreu acidentalmente pelo químico Jim Schlatter, da empresa farmacêutica G.D. Searle, que estava pesquisando novas alternativas para o tratamento da úlcera gástrica, se baseando na síntese a partir de quatro aminoácidos diferentes, incluindo a fenilalanina e o aspartato. Enquanto Schlatter aquecia a mistura em um frasco, algumas gotas espirraram em seu dedo e, ao provar, ele constatou que ela tinha sabor doce.
        Estudos realizados com roedores revelaram o potencial carcinogênico (linfoma, leucemia, tumores do trato urinário e tumores neurológicos) do aspartame em uma dose diária de 20 mg/kg, mesmo sendo a ingestão diária máxima aceitável de 40 mg/kg de peso corporal. Segundo estes mesmos estudos, há também forte associação de aspartame com diabetes tipo 2, parto prematuro, nefrotoxicidade, hepatoxicidade e alterações histopatológicas nas glândulas salivares.
        Além disso, aspartame pode ser tóxico para o Sistema Nervoso Central (SNC), podendo atingir regiões que afetam significativamente a memória, a aprendizagem e o comportamento do indivíduo, como o córtex cerebral e o córtex cerebelar.

           CICLAMATO DE SÓDIO

        Há indícios de que o consumo aumenta o risco de câncer. Por esta razão, é proibido sua comercialização nos Estados Unidos da América, Japão, Inglaterra e França.
        O adoçante ciclamato de sódio é de 30 a 40 vezes mais doce que a sacarose, sendo ingestão diária máxima aceitável de 11 mg/Kg da substância. Ele, por si só, apresenta baixo nível de toxicidade. Entretanto, ao ser metabolizado pelas bactérias intestinais, forma-se cicloexilamina, aumentando significativamente o nível de toxicidade do adoçante em questão e podendo causar efeitos nocivos à saúde.
        Adicionalmente, Takayama e colaboradores 122 realizaram um estudo com 21 macacos com 24 anos de idade, de origem africana, os quais foram submetidos à ingestão de 100 mg/kg e 500 mg/kg de ciclamato de sódio, durante cinco dias por semana. Foi observado tumor maligno no cólon intestinal e carcinoma hepatocelular relacionados com a dose de 500 mg/kg de ciclamato de sódio e adenocarcinoma de próstata, em relação a dose de 100 mg/kg.
        Foi verificado em estudos em roedores que a cicloexilamina, formada pelo processo de metabolização de ciclamato de sódio é potencialmente cancerígena e compromete o funcionamento da flora intestinal, podendo ser, portanto, tóxica ao organismo.

          SUCRALOSE

        A sucralose pode causar um desequilíbrio da flora intestinal e pode aumentar o risco de resistência à insulina, aumento do apetite e acúmulo de gordura.
        A sucralose pode alterar os níveis de ácidos biliares da microbiota intestinal, os quais facilitam a absorção de vitaminas, bem como a homeostase do colesterol.
        O produto hidrolisado de sucralose, entra no cérebro através da corrente sanguínea, inibindo o processo de transporte da D-glicose realizado no epitélio. Ela compete com a captação de glicose no cérebro, contribuindo para o aumento da concentração de açúcar no sangue e a diminuição da concentração de D-glicose no cérebro. Como os neurônios dependem de glicose na corrente sanguínea para atender a demanda energética, a falta deste substrato compromete significativamente o funcionamento cerebral.

           ACESULFAME-K

        Foi descoberto em 1967 por Karl Clauss e H. Jensen, na indústria química alemã Hoechst AG, em Frankfurt. Derivado do potássio, tem poder adoçante em relação à sacarose: 200 vezes. 
        Apresenta sabor amargo em altas concentrações. 
        Usado como adoçante de mesa, em gomas de mascar, bebidas, café e chás instantâneos, gelatinas, pudins, produtos lácteos, panificação e sorvetes. É eliminada em 24 horas pela urina, de forma inalterada.
        Verificou-se em estudos que a ingestão desse adoçante provocou o aumento de bactérias no intestino dos animais alterando significativamente a composição da microbiota intestinal.
        Estudo em roedores mostrou que o adoçante contribuiu fortemente para a abundância de genes relacionados a síntese de lipopolissacarídeos (LPS) que, por sua vez, possibilitam a ocorrência de inflamação crônica no indivíduo afetado. Ademais, o consumo de acessulfame-K pelos roedores ocasionou distúrbios no perfil metabólico fecal, o que consequentemente favoreceu o decréscimo de metabólitos como o ácido láctico, o ácido succínico e o glicerol. Constatou-se ainda aumento de ácido cólico, diminuição de ácido deoxicólico nas fezes dos animais e aumento na concentração de ácido pirúvico, um metabólito relacionado ao metabolismo energético.

        Nossa recomendação é que você escolha os melhores açúcares e adoçantes e utilize com equilíbrio. E, claro, consulte sempre seu médico ou nutricionista.

        Texto e revisão de literatura: Darlênio Junior

        Referências:

        1. Ribeiro, T. R.; Pirolla, N. F. F.; Nascimento-Júnior, N. M. Adoçantes Artificiais e Naturais: Propriedades Químicas e Biológicas, Processos de Produção e Potenciais Efeitos Nocivos * Rev. Virtual Quim., 2020, 12. Data de publicação na Web: 18 de agosto de 2020.

        2. PHILIPPI, Sonia T.; LEAL, Greisse V. S.; PIMENTEL, Carolina V. M. B. Grupo dos açúcares e doces. InforMED. 
        Disponível em:
        https://app.informed.digital/conteudo/5fc8e6e9a6fe8f244674a521

        3. TUMAS, Rosana; GOASTICO, Sabrina S. V.; GANDOLFO, Adriana S. Adoçantes. InforMED. Disponível em: 
        https://app.informed.digital/conteudo/5ca4faa0e484d221f6723a61. 
        Acesso em: 31 mar. 2023.  

        4.  BRASIL. Ministério da Saúde. Secretaria de Atenção à Saúde. Departamento de Atenção Básica.
        Guia alimentar para a população brasileira / Ministério da Saúde, Secretaria de Atenção à Saúde, Departamento de Atenção Básica. – 2. ed. – Brasília : Ministério da Saúde, 2014.

        5.     BORGUINI, R.; TORRES, E. A. F. S. Alimentos orgânicos: qualidade nutritiva e segurança do alimento. Seg. Aliment. Nutr. , v. 13, p. 64-75, 2006.
        CLARKE, M. A. Sistemas para a produção de açúcar branco. Revista Stab, vol. 15, nº 3, 1997.

        6.   Rodrigues, R.S.; Galli, D.C.; Machado, M.R.G. Comparação entre seis marcas de açúcar mascavo. In: Congresso Latino-americano de Engenharia Rural, 1, 1998. Anais… La Plata: Universidad de La Plata, 1998.

        7.  Use of non-sugar sweeteners: WHO guideline. Disponível em: https://www.who.int/publications/i/item/9789240073616





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